A arte da crítica (23): as cenas mágicas

Quase todos os filmes (pelo menos os grandes, mas não apenas) trazem uma cena ou sequência marcantes. Aquelas que - como dizemos - valem pelo filme inteiro. São como metonímias da obra: a parte vale pelo todo.  Funcionam como momentos poéticos, que possuem luz própria. Produzem, em alguns espectadores, aquela sensação de iluminação, de “epifania”, … Continue lendo A arte da crítica (23): as cenas mágicas

A arte da crítica (22): A questão da autoria de um filme – o caso Cidadão Kane

Mank, a produção da Netflix, tem gerado muita discussão. Mas, até agora, que eu saiba, ninguém ainda debateu a questão do roteiro, que está no centro do filme de David Fincher.  Escrevi um texto sobre Mank, que você pode ver neste link. Portanto, me poupo agora de entrar em determinados detalhes.  Basta lembrar que se … Continue lendo A arte da crítica (22): A questão da autoria de um filme – o caso Cidadão Kane

A arte da crítica (21): a obra em si é suficiente? O exemplo de ‘Cajuína’

Nesse texto gostaria de discutir uma velha questão da crítica (e não apenas de cinema): a obra em si basta-se para a análise ou seu contexto ajuda na compreensão? O tema é polêmico e polarizado.  Deve-se reconhecer que há bons argumentos de um lado como de outro. Para uns, deveríamos olhar para a obra sem … Continue lendo A arte da crítica (21): a obra em si é suficiente? O exemplo de ‘Cajuína’

A arte da crítica (20): o poder da música

A música no cinema é uma questão fundamental para a crítica. Mas, antes de tudo, transcrevo abaixo texto que escrevi para o Estadão sobre o desaparecimento de Ennio Morricone, um dos mais notáveis compositores de trilhas para filmes da história do cinema:  “No filme Desenterrando Sad Hill (Netflix) Ennio Morricone dá longa entrevista contando como … Continue lendo A arte da crítica (20): o poder da música

A arte da crítica (19): Buñuel, que amei antes de conhecer

Uma pequena história introdutória. Anos 1960, eu fazia o ginásio no Instituto de Educação Caetano de Campos, na Praça da República. Morava na Aclimação, pegava um ônibus que me deixava na Praça da Sé e ia a pé até lá. Quase na chegada do colégio havia livrarias e algumas bancas de livros usados na calçada. … Continue lendo A arte da crítica (19): Buñuel, que amei antes de conhecer

A arte da crítica (18): Presença de Brecht

A figura de Bertolt Brecht (1898-1956) andou no radar nesses dias de recolhimento e pandemia. Bem, Brecht é, ou deveria ser, um nome sempre presente entre quem curte e/ou estuda artes. Mas, de vez em quando, entra em recesso, por assim dizer. Descansa à sombra. Lembrei-me dele ao ouvir o ótimo podcast da revista literária … Continue lendo A arte da crítica (18): Presença de Brecht

A arte da crítica (17): a sabedoria de não lacrar

Mês passado li no Estado um artigo muito interessante da colunista de economia Monica de Bolle, A sanha de querer concluir (18/12/2019).  A coluna falava da pressão contemporânea em chegar a conclusões rápidas - e, por isso, equivocadas.  O centro do texto apoiava-se num artigo de Albert O. Hirschman, The Search for paradigms as a … Continue lendo A arte da crítica (17): a sabedoria de não lacrar

A arte da crítica (16): O simples e o complexo

Diz Khalil Gibran que a simplicidade é o último degrau da sabedoria. Pode ser. Mas há que distinguir a simplicidade do simplismo. Lembro, nos meus tempos de estudante, de um professor (de bioquímica) dizendo que, entre duas soluções para um problema complexo, devemos optar pela mais simples - e portanto a mais elegante. Há uma … Continue lendo A arte da crítica (16): O simples e o complexo

A arte da crítica (15): o que é spoiler?

Confesso que quando comecei a escrever sobre cinema o termo nem existia e ninguém ligava para isso. Spoiler? Bem, sempre houve o bom senso de não contar o final da história. Em especial se fosse um thriller ou policial. Quem teria o mau gosto, ou o sadismo, de revelar a identidade do criminoso? Seria a … Continue lendo A arte da crítica (15): o que é spoiler?

A arte da crítica (14): Bacurau e o mito da isenção crítica

De certa forma, volto a assunto já tratado no post nº 12, no qual discutia o que fazer quando o artista ou sua obra é seu oposto ideológico. Em pauta, naquele texto, a ilusória questão da neutralidade.   A razão do retorno é o surgimento de um caso especial, fora da curva no território cinematográfico brasileiro: … Continue lendo A arte da crítica (14): Bacurau e o mito da isenção crítica